“Em virtude da subida acentuada dos casos da Covid-19, que temos acompanhado com preocupação no país, particularmente nas províncias de Luanda e Cuanza-Norte (…), a Federação Angolana de Futebol irá colocar sempre o bem vida em primeiro lugar, acatando todas as orientações dadas e aconselhadas pelos órgãos sanitários autorizados para o efeito”, lê-se no comunicado de imprensa tornado público na segunda-feira.
Reunida a 1 de Julho, a direcção da FAF “avaliou a viabilidade de realização do sorteio do Girabola 2020/21”, sublinha o documento, que defende a necessidade de “marcarmos passos firmes e seguros, para o bem de todos os fazedores do futebol a nível nacional (…) Assim sendo, fica adiado o sorteio do Campeonato Nacional, inicialmente agendado para amanhã”.
Clubes afastados
Por seu lado, 13 presidentes de clubes habilitados a disputar a competição lavraram em acta as conclusões da reunião do último domingo, na plataforma “Zoom”, sob a moderação de Tomás Faria, líder máximo do elenco directivo do Petro de Luanda, na qual abordaram os processos eleitorais, o ofício remetido à Federação e o início do Girabola.
O ponto um do documento diz que os presidentes decidiram, devido ao reduzido espaço de tempo para analisar a proposta de renovação de mandatos, “o ponto em causa deverá ser abordado na próxima reunião, devendo os actuais representantes, senhores Tomás Faria, Alves Simões, Rui Campos (ausente) e Wilson Faria, dar continuidade aos trabalhos”.
Por unanimidade, os dirigentes federativos “decidiram manter na íntegra a decisão tomada na acta número 2 de 7 de Junho de 2020, particularmente no ponto 2, em posse da FAF, realçando que pretendem a criação de um embrião, cuja denominação fica a cargo dos técnicos da área jurídica”, está expresso no ponto dois da informação das agremiações, que lembram à Federação, por não terem “competência para organizar o Girabola, solicitaram nesta mesma acta, no ponto 2 da alínea d) que lhes fosse passada a competência, por deliberação da Assembleia Geral da FAF”, por isso esperam ver incluído na “agenda da próxima Assembleia”.
Numa clara manifestação de afastamento do elenco de Artur de Almeida, sobretudo depois da polémica gerada pela pretensão de chamarem a si o controlo da máquina organizativa do campeonato, o último ponto atesta:
“Os presidentes dos clubes decidiram que não farão inscrições dos seus atletas para o próximo Girabola Zap, na medida em que deverá ser satisfeita a solicitação da acta número 2”.
Falta de cérebros
O “desmantelamento” do Conselho Técnico Desportivo, com a “exoneração” de Jeremias Simão, do cargo de presidente, depois do despedimento de Adão Simão, deixou a FAF privada de pessoal qualificado para a realização do sorteio.
O Jornal de Angola apurou que o organismo reitor do “desporto rei” tentou, sem sucesso, recrutar quadros com o propósito de conduzirem o emparceiramento da competição.
Sob o anonimato, um agente desportivo chamou atenção para o facto de as organizações serem bem sucedidas quando conseguem adaptar-se as dinâmicas do tempo e aos momentos de dificuldades, porque a pandemia, em momento algum, pode justificar o adiamento de um sorteio.
“Estamos em pleno Século 21. As tecnologias disponíveis permitem que as organizações não parem de funcionar e realizar as suas actividades. As famosas teleconferências são exemplo prático. A FAF, ao proceder de forma contrária, revela ser uma instituição que parou no tempo e não se adaptou às dinâmicas da actualidade e que não acompanha a evolução tecnológica. Existem ferramentas disponíveis, que permitem a realização do sorteio, sem problemas”, explicou.