Em Angola, o negócio do trigo perde tão somente para o petróleo. Esse sector chega a movimentar muito mais que sua congénere das pedras preciosas. O negócio é muito antigo do que se pode pensar.
Desde os primeiros anos da independência em 1975, o Estado e a sua máquina socialista controlavam o mercado. No entanto, com o fim do monopartidarismo e consequente abertura da economia, esse sector passou para às mãos do Libaneses.
Essa hegemonia durou até 2016 com a tentativa fracassada de golpe de estado na Turquia. Diferente da grande maioria, evito chamar tentativa fracassada de golpe de estado e sim, um golpe consumado, por entender que Erdogăn estava por detrás do mesmo; porque visava ganhar legitimidade para reprimir as vozes contrárias ao seu projecto de perpetuação no poder e, deu certo.
Após esse incidente, Erdogăn reprimiu altos Comandantes dos 3 ramos das Forças Armadas Polícia, Políticos, Desportistas, Professores, Juízes, Religiosos, etc, por acusações de estarem por detrás da tentativa falhada de golpe de estado.
A sua principal vítima foi o Clérigo Fethullah Gülen, ex braço direito. A repressão foi sentida fora da Turquia e Angola foi um desses lugares.
Em 2017, o ex- presidente José Eduardo dos Santos, ordenou o encerramento do Colégio Esperança Internacional, conhecido como Colégio Turco de Luanda, e a consequente expulsão dos docentes de nacionalidade turca. De recordar que esse Colégio era afecto ao Clérigo Gülen.
Meses após o encerramento do mesmo, Angola que vivia uma crise de trigo, recebeu uma doação generosa de milhares de toneladas desse produto, por parte das autoridades turcas.
O que parecia uma simples doação, era na verdade, algo que ia muito além de ar inofensivo. Erdogăn acabou tendo duas vitórias numa única jogada: encerrar o Colégio de seu desafecto e, emplacar o negócio do trigo turco. Desde essa data, os turcos a par dos libaneses, controlam o mercado desse cereal.
O negócio é tão fechado, que aqueles que tentam desafia-los, acabam sentindo no próprio bolso. Umas dessas pessoas foi Alfeu Vinevala, o grande senhor dos campo pelas bandas do Chinguar – Bié. Vinevala que havia sido condecorado pelo actual presidende, achou (erradamente), que poderia produzir tudo, porém, não era bem assim.
No começo dos anos, vimos esse grande fazendeiro reclamar que não conseguiu colher milhares de hectares de trigo, supostamente por falta de colhedeira. Alguém acreditou nessa versão? Eu não! Vinevala foi sim punido pela sua “assanhadice”. Há algum tempo, auxiliares do titular do poder executivo o convenceram a abrir mão desse produto e, passa-lo para o lobby comandado por libaneses e turcos.
O negócio das panificadoras em todo o território nacional depende destes. As poucas que se encontram fora desse lobby, está nas mãos de mauritanianos, eritreus e meia duzia de oestes africanos, que tentam resistir ao seu sonho americano, versão Angola.
Hoje, quase não existem angolanos nesse negócio da produção do “mbolo”. Os angolanos foram rebaixados para a revenda nos mercados.