“Durante a videoconferência, o Presidente sérvio, Aleksandar Vucic, e o Primeiro-Ministro kosovo, Avdullah Hoti, concordaram com os pontos da agenda do encontro presencial que está previsto ocorrer na quinta-feira em Bruxelas (Bélgica)”, precisou Miroslav Lajcak, num comunicado divulgado após a reunião, ontem.
O representante especial agradeceu às duas partes “pelo envolvimento construtivo” no processo de diálogo, que foi interrompido há quase 18 meses e que visa tentar resolver um dos maiores conflitos territoriais da Europa.
Antes da videoconferência, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, apelou à “coragem política” dos líderes da Sérvia e do Kosovo.
“Isto requer coragem política de ambos os lados, requer vontade e empenho num espírito de compromisso e pragmatismo”, afirmou o Alto Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, numa declaração oficial antes do início da videoconferência organizada sob os auspícios do bloco comunitário.
Desde a declaração de independência, em Fevereiro de 2008, o Kosovo (uma ex-província sérvia com larga maioria de população albanesa) foi reconhecido por mais de 100 Estados-membros da ONU e, progressivamente, por 22 dos 27 Estados-membros da UE.
Belgrado recusou reconhecer a independência desta sua antiga província, proclamada unilateralmente após uma guerra sangrenta em 1998-99, processo que também não foi legitimado pela Rússia, China, Índia ou África do Sul.
“Nunca é fácil encontrar soluções para problemas que duraram tanto tempo e têm sido tão dolorosos, mas é por isso que estamos aqui hoje: para tentar novamente”, disse, esta manhã, o chefe da diplomacia europeia.
Na sexta-feira, Aleksandar Vucic e Avdullah Hoti tiveram uma primeira conversa, igualmente à distância, que também contou com a participação da Chanceler alemã, Angela Merkel, do Presidente francês, Emmanuel Macron, e de representantes da União Europeia.
O Presidente kosovo, Hashim Thaçi, está impedido de participar no processo por estar acusado de crimes de guerra durante o conflito militar no final da década de 1990.
“Há dez anos que conversámos sem grande sucesso. Esperamos que esta vez seja o momento certo para progredir”, declarou um responsável em Bruxelas, citado pelas agências internacionais.