OMS quer mais acções dos governos na inserção da medicina tradicional nos sistemas nacionais de saúde

A Organização Mundial da Saúde (OMS) defende mais acções que visem reforçar a importância da medicina tradicional nos sistemas nacionais de saúde. Essa posição vem expressa numa mensagem da OMS em prol ao Dia da Medicina Tradicional Africana, que hoje se assinala.

“A medicina tradicional é usada há séculos para melhorar a saúde onde continua a desempenhar um papel central.  Inspira-se na rica e única biodiversidade de plantas aromáticas e medicinais do continente. É também uma indústria promissora, que merece mais atenção por parte dos países africanos, para ser exportada internacionalmente”, lê-se na mensagem.

Segundo a OMS, nos últimos tempos, a medicina tradicional africana tomou o centro das atenções, com uma discussão generalizada sobre a Covid-organics, um tónico natural, apresentado como potencial remédio para o vírus da Covid-19. Foram rapidamente tomadas disposições para estudar este remédio, que poderá ser produzido em grande escala, caso seja comprovada a sua eficácia.

A OMS e o CDC de África apoiaram este processo através do desenvolvimento de um protocolo de base para ensaios clínicos de medicamentos tradicionais para a Covid-19 e da criação de um Comité Consultivo Regional, que reúne peritos de todo o continente, para supervisionar o estudo da Covid-organics e de outros potenciais remédios.

Estas últimas iniciativas, ainda de acordo com a mensagem da OMS, são fruto de duas décadas de acção, levada a cabo para reforçar a visibilidade da medicina tradicional africana.

A mensagem da OMS dá conta que quarenta países dispõem de políticas que regulam o uso de medicamentos tradicionais, contra oito países em 2000, e muitos integraram a medicina tradicional nas suas políticas nacionais de saúde e criaram quadros regulamentares para os praticantes de medicina tradicional.

As instituições académicas de 24 países oferecem actualmente cursos de medicina tradicional a estudantes de farmácia e medicina. Em 17 países, são criadas vias de encaminhamento entre os praticantes de medicina tradicional e convencional e oito países estão a reforçar a prestação integrada de serviços de medicina convencional e tradicional.

No Gana, segundo a mensagem, a disponibilidade de serviços integrados duplicou, passando de 19 unidades que ofereciam estes serviços em 2012 para 40 em 2020. África do Sul, o Gana e o Mali criaram um seguro de saúde parcial para produtos e serviços de medicina tradicional, protegendo assim as pessoas com dificuldades financeiras, em conformidade com as medidas levadas a cabo para alcançar a cobertura universal de saúde.

A OMS dá conta ainda que existem mais de 34 institutos de investigação dedicados à medicina tradicional africana e que, em 15 países, o financiamento público é alocado regularmente à investigação em medicina tradicional.  Segundo a OMS foram já emitidas quase 90 autorizações de comercialização nacional de medicamentos à base de plantas, das quais mais de 40 estão incluídas nas listas nacionais de medicamentos essenciais.

O cultivo em larga escala de plantas medicinais também está a aumentar, juntamente com a produção local de medicamentos à base de plantas.
“Estas realizações demonstram os progressos significativos alcançados na regulamentação e promoção da medicina tradicional africana”, refere a mensagem. A OMS é a favor da tomada de medidas para mitigar os efeitos das alterações climáticas, que ameaçam a biodiversidade Áfricana e a medicina tradicional.

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