Morreu o músico angolano Waldemar Bastos

Viveu no Brasil e em Portugal a seguir à independência de Angola. Até ao período de reconciliação iniciado em 2018, considerava-se ostracizado pelo regime angolano. Tinha 66 anos.

Nascido na província de M’Banza Kongo, o cantor, galardoado com o prémio de New Artist of the Year nos World Music Awards em 1999, estava em tratamentos oncológicos há um ano e morreu nesta madrugada em Lisboa, vítima de cancro, aos 66 anos, disse à Agência Lusa fonte do gabinete de comunicação do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente de Angola. Era um das figuras mais importante da música lusófona.

“Nasci em São Salvador do Congo, hoje M’Banza Congo, que continua a ser rural. O meu pai tocava órgão e violoncelo, tinha sido seminarista. Lembro-me de ouvir a minha mãe cantar em casa, sempre muito discreta”, contou numa entrevista ao DN em 2016. Quando tinha 6 anos, a mãe ouviu-o a assobiar uma música da rádio e espantou-se. Nesse Natal, ofereceram-lhe um acordeão que ele aprendeu a tocar sozinho e só depois de se mudarem para Cabinda é que ele começou a aprender música com um professor. “Para nos ensinar a tocar, o professor mandava vir pautas de Portugal e demoravam muito tempo a chegar, iam de barco. Mas eu ouvia as músicas na rádio e tocava-as no violão. Então o professor passou a escrever as notas a partir do que eu tocava. Tinha um ouvido excecional, apanhava as músicas por dá cá aquela palha.”

Iniciou a sua carreira muito novo, ainda em Cabinda, com o grupo Jovial, e depois com outros grupos e também a solo, atuando em todo o país. Após a independência de Angola, em 1975, Waldemar Bastos, com 28 anos, fugiu do país para Portugal. Exilou-se para escapar à guerra civil.

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